Crédito da foto: Fernando Schlaepfer
por Bernardo Fellipe Seixas
O mundo da música está repleto de artistas talentosos que encantam e emocionam seus ouvintes de diferentes maneiras. Entre esses nomes, a banda neozelandesa Fat Freddy’s Drop (FFD) impressiona por sua habilidade única de mesclar gêneros e criar uma sonoridade inconfundível. O grupo não é “mais um” que mistura variados ritmos com música eletrônica e tem bons musicistas. Na minha modesta opinião, é o que melhor faz isso atualmente em todo o mundo.
O Fat Freddy’s Drop surgiu em 1999 em Wellington, capital da Nova Zelândia. A ideia de mixar reggae, dub, hip hop, jazz, soul e techno partiu de Chris ‘Mu’ Faiumu (DJ Fitchie), que produzia eventos se apresentava há alguns anos como DJ. Cansado de pequenos duos de toca discos com um musicista ao vivo, Mu decidiu arregimentar outros artistas, iniciando os contatos com o vocalista Dallas Tamaira e o trompetista Toby Laing. Em seguida chegaram o guitarrista Theimana Kerr, o saxofonista Warren Maxwell, o tecladista Ian Gordon e o showman Joe Lindsay, que toca trombone e gaita, dança e sapateia.
Apresentaremos uma lista das 10 melhores músicas da banda, destacando suas características e impacto na cena musical contemporânea. Mais do que publicar um ranking, o propósito desse artigo é divulgar o som do Fat Freddy’s Drop, fazer com que sua música alcance cada vez mais pessoas.
TOP 10 Fat Freddy’s Drop
1 Shiverman
A faixa foi lançada em 2009, no segundo disco de estúdio da banda Dr. Boondiga & The Big DW, mas na internet há gravação ao vivo anterior. Com uma mistura cativante de reggae, dub, hip hop e jazz, ela hipnotiza o ouvinte, e poderia muito bem ser tocada no carnaval de Recife. Há versões que começam com um solo agressivo de Joe Lindsay (Hopepa) tocando gaita. Shiverman encabeça esta lista (também) pela forma como parece deixar em transe os integrantes da banda. Assista ao abaixo e confira: Fat Freddy’s Drop – Shiverman (Live at Alexandra Palace, Londres, 2014).
2 Blackbird
Em segundo lugar, “Blackbird” talvez seja a música mais aguardada pelos fãs nos shows da banda atualmente. Uma melodia suave e melancólica mostra a habilidade do Fat Freddy’s Drop em impactar os ouvintes com emoção. A letra é profunda, o arranjo de metais remete ao bater das asas do pássaro preto, indo e voltando ora com força, ora suavemente. Das linhas do teclado é difícil encontrar palavras para descrever.
3 Soldier
A canção que fecha o pódio é um verdadeiro hino à resistência e à luta, com uma mensagem poderosa envolta por arranjos musicais ricos e envolventes. É também uma das melhores interpretações do vocalista, conseguindo ser suave e profunda. A gravação de Soldier (Lock in) é daquelas para se ouvir todos os dias ao acordar ou antes de dormir.
4 Hope
A música já tem quase duas décadas, e a gravação de “Lock in” vai inspirar (tomara!) muitas gerações de fãs de boa música. O casamento do som do trompete com as vozes de Dallas Tamaira e Lisa Tomlins é comovente.
5 Boondiga
É uma balada, boa pra dançar coladinho. Mas o solo de guitarra, na gravação feita no Festival Sonnar 2017, é pra tirar a alma do corpo. Ouça no vídeo abaixo.
6 Razor
Nessa música vê-se claramente como o Fat Freddy’s Drop é craque em mesclar elementos da música eletrônica com dub e soul. O arranjo crescente dos metais se funde com um vocal que lembra cânticos árabes, e DJ Fitchie preenche a cozinha com um prato cheio de brilho. A interpretação de Razor no Cortina Motors Londres 2017 é de fritar os miolos. O brasileiro Gui Boratto, produtor de música eletrônica, deve gostar desse som.
7 Midnight Maraunders
Com uma atmosfera misteriosa e sedutora, “Midnight Maraunders” se destaca pela sua instrumentação complexa e arranjos meticulosos. A performance da banda, com sua formação inicial, tocando em Portugal no ano de 2006, é antológica. (veja no vídeo abaixo). Fui pesquisar o significado do seu nome e me deparei com a banda A Tribe Called Quest, e links do Harry Potter. Entendi foi nada, ainda.
8 Sling and arrows
Os metais são marcantes, lindíssimos (e jazzísticos), com frases que a gente não consegue tirar da cabeça e fica assoviando por dias. O bassline e a guitarra são reggae puro, e Dallas Tamaira capricha na voz e nos efeitos. Os elementos eletrônicos do DJ Fithie são discretos, mas fundamentais.
9 Roady
É impossível ouvir Roady e ficar parado. Além da cadência rítmica, dos sopros bem destacados e a base reggera de guitarra e baixo, o refrão empolga e faz todo o mundo cantar. A participação do MC Slave é a cereja do bolo.
10 Edição especial
É a décima colocada nessa lista, mas poderia estar na primeira posição. Como o nome sugere, a música é perfeita para uma coleção de bons momentos. “Special edition” é vibrante, contagiante, e o clipe oficial é uma obra de arte.
Faixa bônus: Wairunga blues
A versão gravada em “Concert film” é a melhor disponível na internet, mostra a profunda conexão de seus membros com a natureza, suas raízes culturais e a tradição maori. “Wairunga blues” evidencia o quão eclético é o grupo, capaz de criar músicas para se tocar no carnaval de Salvador, numa balada eletrônica na Alemanha ou num pocket show de canções românticas (sem ser piegas).
Este ranking não apenas celebra as melhores músicas do Fat Freddy’s Drop numa opinião pessoal, mas também destaca sua contribuição significativa para o cenário musical. Seja ao transmitir mensagens poderosas, criar sons vibrantes e hipnotícios ou simplesmente fazer os ouvintes dançarem, o Fat Freddy’s Drop encanta e inspira com sua música, deixando uma marca indelével na indústria musical.
Este ‘top 10’ foi produzido por Bernardo Fellipe Seixas e Brenda Cardin. No mês que vem essa lista pode mudar.